Quantas vezes sentimos uma sobrecarga de comunicação: internet, e-mails, redes sociais. Tornamo-nos passivos: não vou responder, não vou ligar.
Muitas vezes, são assuntos importantes, mas pensamos: podem esperar.
Alguns acabam por se tornar urgentes, e já não consigo priorizar.
Surge o shut down, um estado de bloqueio emocional ou mental acompanhado, por vezes, de vergonha ou sentimento de culpa por não conseguir abarcar tudo ou não se realizar determinadas tarefas. E então passamos a agir de forma oposta: tornamo-nos indiferentes, insensíveis, demasiado cansados.
Chega a Black Friday, com o bombardeamento de publicidade. Aproxima-se o Natal, mais festas, encontros, jantares de empresa...
Dentro de mim, será esta a época mais bonita do ano, ou um martírio? Vejo solidariedade ou falsidade?
É importante refletir na frase de Mia Couto:
"Nunca o nosso mundo teve ao dispor tanta comunicação. E nunca foi tão dramática a nossa solidão. Nunca houve tanta estrada e nunca nos visitamos tão pouco."
Acredito que é possível reverter estas tendências. É possível que o segredo do Natal esteja no encontro, no cuidado, nos pequenos gestos, na construção de uma nova forma de estar e ser – especialmente depois de tanto tempo ausentes.
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