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TRAVAR A VIOLÊNCIA



Do macrossistema, sendo este um nível mais amplo e abrangente de sistemas sociais, como por exemplo a guerra a nível internacional no Haiti, Síria ou Ucrânia, ao microssistema, por exemplo, um contexto entre duas pessoas, num espaço mais íntimo, vivemos impregnados de uma cultura de violência e não resolução de conflitos.



A violência, a falta de diálogo, abertura ao outro e as lacunas na promoção de uma cultura de paz, de respeito, de empatia e de resolução pacífica de conflitos são motivos de grandes preocupações para todos os intervenientes do processo educativo.



Ações repetidas que levam a desconforto e ansiedade, quer através de palavras, gestos, contacto físico, violência psicológica ou exclusão de alguém são muito negativas. Vários estudos têm encontrado relações estatisticamente significativas entre problemas comportamentais do adolescente e práticas parentais, em especial no fraco reforço parental, nas punições frequentes, práticas disciplinares inconsistentes e fraca responsividade parental (Murray & Farrington, 2010). A impulsividade é também um fator individual com grande impacto em atitudes mais violentas dos jovens, sendo que a exposição à violência na mídia ou redes sociais e em outros contextos pode influenciar o comportamento agressivo.



Estas podem ser algumas causas, mas este problema não é contemporâneo, é muito complexo e multifacetado, com raízes profundas na história da humanidade. Para prevenir a violência, é importante adotar uma abordagem abrangente que envolva alunos, pais, educadores, gestores escolares e a comunidade em geral. É preciso dar conta que resolver um conflito não significa ignorá-lo ou suprimi-lo temporariamente. Há alguns aspetos a ter em conta que constituem uma resolução eficaz do conflito:


1.Ignorar ou evitar o conflito pode não ser uma solução duradoura, uma vez que leva a sentimentos reprimidos ou ressentimentos, o que pode aumentar o problema no futuro, sobretudo se o foco não está na construção de relacionamentos positivos.


2. Lutar pelo poder para resolver um conflito, em que uma parte sai vencedora e outra derrotada, não é uma resolução colaborativa. Por outro lado, é preciso também perceber que ceder, em excesso, pode criar desequilíbrios de poder e causar sentimentos e outros comportamentos menos positivos.


3. Recorrer à violência (física, verbal ou emocional) ou à intimidação nunca é uma forma aceitável de resolver conflitos e pode gerar mais conflitos e danos.


4. Procurar uma solução unilateral, ou seja, tentar resolver um conflito impondo uma solução sem considerar as necessidades e perspectivas de todas as partes envolvidas pode levar também a ressentimentos.



Ao nível comunitário, é importante criar oportunidades para envolvimento cívico e voluntariado, permitindo que os jovens se sintam conectados e valorizados nas suas comunidades e promover valores positivos e competências socioemocionais nas atividades extracurriculares.



Somos todos responsáveis pela prevenção da violência e pela construção de relacionamentos positivos e duradouros e à busca de abordagens que

atendam às necessidades e interesses de todos os envolvidos.




Murray, J. & Farrington, D. P. (2010). Risk factors for conduct disorder and delinquency: key findings from longitudinal studies. Canadian Journal of Psychiatry, 10, 633-642.

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