Setembro, 2025
- Sofia Rodrigues
- 1 de set.
- 1 min de leitura

Setembro, 2025
Hoje foi dia de retomar as consultas e o colégio onde trabalho. O regresso traz sempre consigo esta dupla face: a familiaridade do que já conhecemos e a exigência dos novos desafios que se apresentam.
Neste tempo de verão, ouvi algo que me ficou a ecoar: agradecemos o que nos acontece de bom, mas raramente agradecemos o que nos é difícil e desafiante.
Miguel Torga revela com simplicidade a essência da vida:
“A vida é feita de nadas:
De grandes serras paradas
À espera de movimento;
De searas onduladas
Pelo vento;
De casas de moradia
Caídas e com sinais
De ninhos que outrora havia
Nos beirais;
De poeira;
De sombra duma figueira;
De ver esta maravilha:
Meu Pai a erguer uma videira
Como uma Mãe que faz a trança à filha.”
Neste início de setembro, tempo de recomeços e de balanços, queria pedir a todos que saibamos, com sabedoria, agradecer não só o que nos é dado em abundância, mas também o que nos é retirado.
Muitas vezes, o caminho passa por perder, por libertar, por aceitar o vazio que se abre. Só assim podemos abarcar a vida que está sempre a brotar, como a seara ondulada pelo vento ou a videira que cresce entre as mãos que cuidam.
Talvez o segredo esteja em lentamente nos tornarmos capazes de acolher a torrente quando ela chega e para sustentar o silêncio quando nada parece mover-se.
Como Torga nos lembra, a vida é feita de simplicidade, de espera, de continuidade, de gestos humildes e de uma grandeza escondida nas coisas mais pequenas.
Bom recomeço!!



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