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Setembro, 2025

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Setembro, 2025


Hoje foi dia de retomar as consultas e o colégio onde trabalho. O regresso traz sempre consigo esta dupla face: a familiaridade do que já conhecemos e a exigência dos novos desafios que se apresentam.


Neste tempo de verão, ouvi algo que me ficou a ecoar: agradecemos o que nos acontece de bom, mas raramente agradecemos o que nos é difícil e desafiante.


Miguel Torga revela com simplicidade a essência da vida:


“A vida é feita de nadas:

De grandes serras paradas

À espera de movimento;

De searas onduladas

Pelo vento;

De casas de moradia

Caídas e com sinais

De ninhos que outrora havia

Nos beirais;

De poeira;

De sombra duma figueira;

De ver esta maravilha:

Meu Pai a erguer uma videira

Como uma Mãe que faz a trança à filha.”


Neste início de setembro, tempo de recomeços e de balanços, queria pedir a todos que saibamos, com sabedoria, agradecer não só o que nos é dado em abundância, mas também o que nos é retirado.


Muitas vezes, o caminho passa por perder, por libertar, por aceitar o vazio que se abre. Só assim podemos abarcar a vida que está sempre a brotar, como a seara ondulada pelo vento ou a videira que cresce entre as mãos que cuidam.


Talvez o segredo esteja em lentamente nos tornarmos capazes de acolher a torrente quando ela chega e para sustentar o silêncio quando nada parece mover-se.


Como Torga nos lembra, a vida é feita de simplicidade, de espera, de continuidade, de gestos humildes e de uma grandeza escondida nas coisas mais pequenas.


Bom recomeço!!



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