top of page

FATO, FACTO OU FAKE?

Foto do escritor: Sofia RodriguesSofia Rodrigues



FATO, FACTO OU FAKE?


As “fake news”, definidas como "informações falsas, frequentemente sensacionalistas, divulgadas como fato e publicadas na internet” (Collins Dictionary), são difíceis de descortinar. Preocupa-me a atualidade e todo o contexto sociopolítico, marcado por guerras, constantes ameaças e falta de paz.


Muitas vezes, vemos aquilo que queremos a nível ideológico. Estudos demonstram que tendemos a encontrar nas notícias aquilo que procuramos, formando opiniões de forma superficial. O mesmo acontece com a memória: retemos o que nos convém.


O artigo de 2023, “Fake news and false memory formation in the psychology debate”, sugere que as pessoas podem ser influenciadas por fake news até em debates técnicos e académicos, para além das grandes discussões políticas. Os resultados reforçam a importância de promover práticas mais rigorosas na comunicação de informações científicas e de incentivar o pensamento crítico no consumo de notícias, especialmente em áreas como a saúde mental, onde as consequências da desinformação podem ser significativas.


Já em 2004, Innerarity referia que a sociedade contemporânea tornou-se invisível porque a informação é opaca, fragmentada e manipulável. Em vez de termos um maior conhecimento, vivemos numa espécie de "cegueira informacional", onde a abundância de dados e a velocidade da comunicação dificultam a distinção entre o que é real e o que é falso. A lógica do entretenimento e da viralização de conteúdos nas redes sociais incentiva a circulação de fake news, onde a verdade se torna secundária face ao que gera mais interação ou espetáculo.


A sociedade digital cria uma falsa sensação de transparência e conhecimento, quando na realidade há uma manipulação da perceção pública. O estudo das fake news reforça essa ideia, pois os participantes acreditaram em informações falsas sem perceberem que estavam a ser enganados.


É importante combater a desinformação, estimular o pensamento crítico, a análise aprofundada e não ficar na superficialidade. Reduzir o imediatismo, seja na procura de soluções psicológicas ou nos processos educativos, que exigem tempo para se consolidarem.


No foro da saúde mental, as palavras de ordem são paciência e consistência, além da complementaridade de diferentes estratégias de bem-estar. É essencial valorizar o processo e não apenas os resultados, evitando a ilusão da aparência e superficialidade.



Leon, C. S., Bonilla, M., Brusco, L. I., Forcato, C., & Benítez, F. U. (2023). Fake news and false memory formation in the psychology debate. IBRO Neuroscience Reports, 15, 24-30.


Innerarity, D. (2004). A sociedade invisível. Lisboa: Editorial Teorema.

Comments


  • LinkedIn - círculo cinza
  • Facebook
  • Instagram
bottom of page