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“As pessoas que desistem nunca têm sucesso.” (Mito Vocacional)



Van Esbroeck et al. (2005) descreveram a atividade de projetar a vida como flexível, não hierárquica e dinâmica. O caminho é feito de escolhas, e muitas vezes não se trata de tomar boas decisões mas de tomar bem uma decisão (Campos, 1980).


A adesão a um projeto de vida, mais do que a um emprego em particular, significa que a indecisão por uma escolha vocacional pode não ser necessariamente eliminada, na medida que pode gerar novas possibilidades, experimentações que levaram o indivíduo a ser ativo, mesmo em situações de incerteza (Savickas, 2011).


O mito proposto por Lewis e Guilhousen (1981) no desenvolvimento vocacional de que “As pessoas que desistem nunca têm sucesso” parece relacionar-se com a crença (frequente) de que uma vez que se começa qualquer coisa, se deve prosseguir cegamente até ao fim, qualquer que esta seja. A necessidade de tomar uma decisão pode, assim, tornar-se angustiante, já que se acredita que qualquer erro ou risco poderá vir a revelar-se catastrófico, encurralando o indivíduo para o resto da vida. Mas esta lógica não poderá ser aplicada desta forma, pois algum grau de incerteza na construção de um projeto de vida está e estará presente e é inerente.


O apoio no desenvolvimento pessoal e vocacional pode não ser somente para apoiar em decisões nas grandes escolhas educacionais/áreas de estudo e profissionais, mas é, também, para a criação de condições para a tomada de decisão em qualquer momento da vida, onde cada um seja capaz de fazer ligações entre as decisões passadas e as futuras e entre a dimensão vocacional com todas as outras subjacentes à existência, com vista a encontrar um estilo único de vida, e tornando-o capaz de guiar as suas próprias escolhas, encarando as limitações da sociedade que o rodeia, mas refletindo criticamente nos diferentes contextos em que está envolvido (Campos, 1980; Campos & Coimbra, 1991).

Campos, B. P. (1980). A orientação vocacional numa perspetiva de intervenção no desenvolvimento psicológico. Coimbra: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.


Campos, B. P., & Coimbra, J. L. (1991). Consulta psicológica e exploração do desenvolvimento vocacional. Cadernos de Consulta Psicológica, 7, 11-19


Lewis, R. & Guilhousen, M. (1981). Myths of career development: a cognitive approach to vocational counselling. Personal and Guidance Journal, 59(5), 296-299.


Savickas, M. L. (2011). The self in vocational psychology: Object, subject, and project. In P. J. Hartung, L. M. Subich, P. J. Hartung, & L. M. Subich (Eds.), Developing self in work and career: Concepts, cases, and contexts. (pp. 17-33). Washington D.C.: American Psychological Association.

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