A experiência de atravessar ou estar no deserto é muito marcante (fotos de Omã, 2018). No deserto, sente-se um silêncio e escuridão diferentes, uma atmosfera de mistério, beleza e fascínio.
As linhas de areia, os infinitos grãos que desenham e formam as dunas são, de facto, semelhantes às linhas da palma da mão, ou às rugas de um rosto velho ou até os rios e as montanhas de um território imaginário, como escreve Pablo D’Ors em “O Amigo do Deserto”.
Apesar do deserto estar, muitas vezes, num lugar longínquo, há desertos que estão bem perto de nós, sobretudo os interiores. O que simbolizam? O Medo? O Vazio? A Desolação? A Solidão?
- Como encher o vazio, livrar-me da angústia ou desprender-me do que não é essencial?
- Como vencer os nossos medos?
- Como atravessar uma fase de desolação ou desânimo?
Atravessar o deserto pode simbolizar transformação, escuta interior, superação e mais resiliência para ultrapassar medos, inseguranças ou traumas.
Pablo D’Ors, em “Os amigos do Deserto” coloca o significado de deserto numa outra perspetiva: “amigo” , “ida ao firmamento” . Refere que talvez ame o conceito de deserto porque quer ser como ele: Amo o deserto porque é o lugar da possibilidade absoluta, o lugar em que o horizonte tem a amplitude que o homem merece e de que necessita. Considera o deserto como uma metáfora do infinito, sendo que, para ele, o verdadeiro êxtase pode brotar do desprendimento e do esvaziamento que todo o deserto parece evocar e chamar.
E nós? Como significamos os nossos desertos interiores? Conseguimos chamar de amigos, possibilidades de crescimento ou fases importantes? Amamos a areia e a dificuldade?
No deserto, descobrem-se oásis e também o próprio caminho. As infinitas possibilidades da vida lançam o desafio e estimulam a mobilizar novos recursos pessoais, favorecendo as nossas (re)criações pessoais.
Desejo a todos uma excelente Páscoa, nesta travessia simbólica do medo para a confiança, do perigo para a segurança, do desânimo para a alegria…