Reflexões Anorexia Nervosa
No sábado passado, fui a um workshop sobre Anorexia Nervosa, na Id Clinics- Maria João Padrão. Como colega e amiga, acompanho há anos o seu trabalho meritório, sendo a Prof. Doutora Maria João, psicóloga especialista nesta área.
Gostava de realçar alguns aspetos da nossa sociedade que fazem com que esta perturbação alimentar seja cada vez mais uma “epidemia”:
- “sociedade do controle”, em que os meios de comunicação utilizam mecanismos de poder na produção de um objeto- muitas vezes a idealização da mulher bonita, magra, perfeita…
- “sociedade do olhar”, em que se atribui ao que se vê na superficialidade um fator central (não importa se estou feliz, importa em mostrar que fui viajar ou jantar a um determinado lugar).
- “sociedade do esvaziamento dos universos simbólicos” – através de processos de descontinuidade, perda de tradições que pode levar a que as tendências do mercado de consumo ganhem força, valorizando a competitividade e o individualismo.
- “sociedade da incerteza e insegurança"- que leva a intensificar a necessidade de controlo, marco da vivência anoréxica.
Sobretudo a ausência de consciência crítica e questionamento sobre os processos sociais atuais, sobre as influências sociais leva a ficarmos enredados.
Como diz a Maria João, a cura terá de ser pela promoção da capacidade de individuação, conceito que é utilizado em obras de Carl Jung, Bernard Stiegler, Friedrich Nietzsche, Gilles Deleuze, que diz respeito a um estado de mais diferenciação, permitindo cada um ser mais próximo de si mesmo.
É urgente sim, estarmos alerta e sensíveis ao sofrimento de tantos adolescentes e pais que passam por processos de internamento, sendo necessário dar lugar à libertação de panaceias da felicidade fácil ou superficial. Tocar a nossa vulnerabilidade é essencial para uma maior liberdade interior e cura de processos internos.
Sofia R.
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