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Orientação Vocacional na Era Digital



Orientação Vocacional na Era Digital


Tive o privilégio de ser convidada pelo CRIAP, em parceria com a EPROMAT, para dinamizar um workshop sobre “Orientação Vocacional na Era Digital”. Estiveram presentes várias psicólogas e profissionais da área de Orientação Vocacional.


Saí de lá com a convicção ainda mais forte da importância de refletirmos sobre a sociedade contemporânea e as profundas mudanças sociais, culturais e tecnológicas que impactam as escolhas, projetos de vida e profissionais dos jovens. A orientação vocacional pode ser uma ferramenta essencial neste novo paradigma.


É fundamental pensarmos no papel da orientação vocacional no desenvolvimento da identidade, considerando o impacto das redes sociais e da cultura digital nas escolhas dos jovens e a influência crescente nas decisões dos mais novos. Criar espaços de partilha, aprendizagem e reflexão conjunta entre profissionais é cada vez mais necessário.


A era digital trouxe oportunidades únicas para a orientação vocacional, ao permitir maior acesso à informação, novas formas de trabalho e inspiração profissional através das redes sociais. Contudo, também gerou desafios, como a idealização de certas profissões, a pressão social, e a dificuldade em distinguir interesses genuínos de modas passageiras. O nosso papel é ajudar os jovens a navegar neste universo com espírito crítico e maior autoconhecimento.


Há casos como o da Inês, que descobriu o design gráfico através do TikTok, ou do Miguel, que se interessou por cibersegurança ao assistir a vídeos no YouTube. Estes exemplos mostram como a orientação vocacional pode ajudar a transformar um interesse momentâneo numa escolha consciente e alinhada com as competências e valores pessoais.


Mas, nem tudo o que parece brilhante nas redes corresponde à realidade. Muitos jovens sentem-se frustrados ao compararem-se com influenciadores de sucesso. Outros aspiram a profissões que parecem promissoras financeiramente, mas que não correspondem às suas verdadeiras aptidões. A orientação vocacional ajuda a trazer clareza, reflexão crítica e apoio neste processo de tomada de decisão.


Relatórios internacionais sublinham a valorização crescente de competências como a adaptabilidade, o pensamento crítico, a resiliência e a capacidade de aprendizagem contínua — competências indispensáveis para enfrentar as rápidas transformações do mercado de trabalho e os novos desafios tecnológicos e sociais (Mercer).


De acordo com um relatório da McKinsey, a inteligência artificial e a automação estão a transformar o mundo do trabalho. Estima-se que até 30% das horas de trabalho possam ser automatizadas até 2030. Haverá uma crescente procura por profissionais em tecnologia, saúde, energia renovável e dados. A orientação vocacional tem aqui um papel fundamental na preparação para essa transição.


Estamos também a assistir ao surgimento de novas profissões — como especialistas em cibersegurança com foco em IA, analistas de ética digital, engenheiros de prompts ou gestores de transformação digital. Estas funções exigem criatividade, pensamento crítico e domínio tecnológico. É urgente preparar os jovens tanto para as profissões atuais como para aquelas que ainda estão a emergir.


Por outro lado, muitos jovens mostram sinais de desmotivação e apatia. Passam horas em scroll contínuo, absorvidos num digital que, por vezes, parece esvaziar a vida de sentido.


A orientação vocacional continua a ser um espaço de esperança, transformação e capacitação — sobretudo num mundo em constante mudança. É essencial continuar o trabalho de sensibilização junto de jovens, pais e da comunidade educativa.


Sem dúvida: ao unirmos esforços e sinergias entre profissionais, conseguimos ir mais longe. Que este seja um convite à reflexão sobre os desafios atuais da era digital e à prática ativa do nosso papel enquanto psicólogos e educadores nesta era digital.



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