Orientar para os tempos livres com o objetivo de ajudar a construir projetos e estilos de vida que promovam o seu desenvolvimento podem enriquecer o modo de se relacionar consigo, o outro e a comunidade envolvente.
No sentido de refletir, valorizar e organizar as experiências vividas, deve-se reconhecer a importância para a construção de projetos vocacionais, das atividades de ocupação de tempos livres (Imaginário, 1997/1998).
Os tempos livres podem dar espaço a diferentes atividades que permitam atingir alguns objetivos de orientação vocacional, tais como:
1. Favorecer o autoconhecimento - a construção da identidade pode ser apoiada pela realização de tarefas de interesse (ligadas à natureza, culturais, artísticas) e exploração de diferentes hobbies e atividades que tragam satisfação.
2. Contribuir para o desenvolvimento de diferentes tipos de competências. Ex: participar em atividades diversificadas pode dar oportunidade de interagir com outros e contribuir para o desenvolvimento de competências sociais, melhoria da autoestima e construção de relacionamentos mais saudáveis. Além disso, a estimulação cognitiva, através da leitura de livros, escrita ou jogos didáticos pode ser favorável ao desenvolvimento de várias competências.
3. Participar em experiências práticas como workshops de temáticas como a fotografia ou ecologia, entre outras, laboratórios criativos, visitas culturais, miniestágios em locais de trabalho, voluntariado, campos de férias que possam despertar modos de perspetivar diferentes realidades.
4. Proporcionar momentos integração e expressão emocional. A expressão criativa através da música, da pintura ou outras atividades pode ajudar na exploração e integração de sentimentos, podendo ser uma forma de canalizar emoções difíceis ou complexas. Isto pode permitir insights ou mudanças, favoráveis a diferentes escolhas.
Além disso, os tempos livres são fundamentais para promover o equilíbrio e bem-estar geral. O relaxamento, o descanso e o dolce far niente podem trazer muitos benefícios para a saúde mental. Não somos o que fazemos, nem valemos só pelo que produzimos. É necessário encontrar um equilíbrio saudável entre o trabalho, as responsabilidades diárias e o autocuidado.
PS. Não podia deixar de referir uma sentida homenagem ao professor Joaquim Imaginário, meu professor na FPCEUP (falecido recentemente) que sempre nos inspirou nestas questões de orientação para os tempos livres. Obrigada.
Imaginário, L. (1997/1998). Questões de Orientação Vocacional. Cadernos de Consulta Psicológica, 13, 39-46.
Comments