
“A pérola é esplêndida e preciosa.
Nasce da dor. Nasce quando uma ostra é ferida.
Quando um corpo estranho – uma impureza, um grãozinho de areia – penetra no seu interior e a habita, a concha começa a produzir uma substância (a madrepérola) com que o cobre para proteger o seu corpo invadido. No fim, ter-se-á formado uma bela pérola, brilhante e valiosa. Se não for ferida, a ostra nunca poderá produzir pérolas, porque a pérola é uma ferida cicatrizada.
Quantas feridas temos dentro de nós, quantas substâncias impuras nos habitam? Limites, debilidades, pecados, incapacidades, inadequações, fragilidades psicofísicas... E quantas feridas nas nossas relações interpessoais? Para nós, a questão fundamental será sempre esta: o que fazemos com elas? Como as vivemos?
A única via de saída é envolver as nossas feridas com aquela substância cicatrizante que é o amor; a única possibilidade de crescer e de ver as nossas impurezas tornarem-se pérolas.
A alternativa é cultivar ressentimentos contra os outros pelas suas debilidades e atormentarmo-nos a nós mesmos com permanentes e devastadores sentimentos de culpa por aquilo que não deveríamos ser e por aquilo que não deveríamos sentir.”
Retirado de: O elogio da imperfeição. O caminho da fragilidade. Paolo Scquizzato
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