Sofia Rodrigues

27 de nov de 20222 min

Jovens e Saúde Mental

Os desafios da contemporaneidade são enormes para os jovens de hoje, exigem um empenho cívico mais ativo e ações que promovam a justiça social, a saúde e a educação.

Os problemas de saúde mental têm constituído um dos grandes desafios para a saúde pública, agravaram-se após a pandemia e afetam cada vez mais crianças e jovens. Há inúmeros fatores psicossociais e emocionais que podem despoletar o sofrimento psicológico e problemas de saúde mental.

A qualidade das vivências dos jovens em diferentes contextos – família, escolas, comunidade (e a forma como as significam) têm muita influência no seu bem-estar mental e no desenvolvimento da identidade.

Por um lado, podem-se apresentar como fatores de risco a crescente destruturação familiar, absentismo escolar, bullying, ciberbullying, discriminação ou exclusão. Por outro lado, como fatores protetores, temos, por exemplo, a qualidade da educação, o desenvolvimento e implementação de políticas de qualidade para crianças e jovens e a capacitação psicológica.

A capacitação psicológica foi concebida no modelo de Zimmerman (1995) como incluindo três componentes interrelacionados: 1) intrapessoal, 2) interpessoal e 3) comportamental.

1) A componente intrapessoal do empoderamento psicológico envolve conceitos como a competência individual, eficácia e mestria (Peterson et. al., 2006). Zimmerman e Zahniser (1991) consideram que as crenças sobre a habilidade de exercer influência em diferentes esferas da vida, como a família, o trabalho, ou contextos sociopolíticos podem ser fundamentais para os jovens se envolverem em comportamentos proativos necessários para atingir os seus objetivos (aumento do autocuidado e resiliência, melhoria da forma como lidam com o stress e com as relações interpessoais).

2) A componente interpessoal do empoderamento envolve a consciência crítica individual e compreensão do ambiente sociopolítico (pode ser facilitada pelo envolvimento dos jovens na promoção de um ambiente escolar favorável à saúde mental, tornando-se agentes capazes de influenciar positivamente os contextos, ativando serviços e redes de apoio social).

3) A componente comportamental de empoderamento engloba ações individuais que se espera que afetem diretamente resultados.

Um dos mecanismos importante que influencia o desenvolvimento da identidade e promove o empenho cívico ou ação para o bem coletivo é a construção de projetos de vida sustentados numa maior consciência crítica (Peterson et. al., 2006).

O aumento da consciência crítica dos jovens pode capacitá-los, ajudar a transcender as barreiras sociopolíticas, promover o desenvolvimento pessoal e profissional e pode relacionar-se com uma participação mais alargada dos jovens na promoção da saúde mental ao nível individual e coletivo.

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Zimmerman, M. A. (1995). Psychological empowerment: Issues and illustrations. American Journal of Community Psychology, 23(5), 581-599. doi:10.1007/BF02506983.

Zimmerman, M. A., & Zahniser, J. H. (1991). Refinements of Sphere-Specific Measures of Perceived Control - Development of a Sociopolitical Control Scale. Journal of Community Psychology, 19(2), 189-204.

Peterson, N. A., Lowe, J. B., Hughey, J., Reid, R. J., Zimmerman, M. A., & Speer, P. W. (2006). Measuring the Intrapersonal Component of Psychological Empowerment: Confirmatory Factor Analysis of the Sociopolitical Control Scale. American Journal of Community Psychology, 38(3/4), 287-297. doi:10.1007/s10464- 006-9070-3.

https://recursos.ordemdospsicologos.pt/files/artigos/sa__de_mental_das_crian__.pdf


 

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